Hoje é dia do pai e eu não sei o que dizer... Todos os anos é a mesma coisa, há cá dentro uma sensação estranha de que "devia" ter algo para dizer... Mas não tenho.
Passei a vida toda assim... Vejo agora que criei mecanismos para me defender disto (como se este dia me "atacasse"...), lembro-me quando era criança e era obrigada na escola a fazer o "presente para o dia do pai"... Lembro-me do constrangimento de não saber desenhar "o que o pai gosta mais" ou a cara do papá... (Tenho até um desenho do jardim de infância em que desenhei para ele um balde... Um balde?! Yah... Sabia lá eu o que desenhar...). Lembro-me de chorar porque os outros meninos diziam que eu "não tinha" pai, dizem até que me vinguei desses que falavam assim, mas disso não me recordo... Mas lembro-me de forrar (literalmente) a minha caixa dos lápis com fotos do meu pai... Não porque as fotos fossem de grande significado para mim mas para provar que o tal "pai" existia, eu também tinha um...
Lembro-me de mais tarde passar a considerar o dia do pai como um segundo "dia da mãe" e pronto, fazer os tais presentes foleiros para ela, não sei de onde veio esta estratégia mas durante uns tempos funcionou. Mas já não funciona, já sou crescida suficiente para ver que não funciona, que partilhar hoje uma foto do meu pai não faz sentido (e encontrar uma em que estejamos os dois é mesmo impossível). E sou crescida suficiente para dizer que isto é triste. Que é triste não poder dizer obrigada, que é... é uma merda, não ter uma memória real dele...
"Não ter" pai é uma merda... Pronto, disse.
Filha Joana
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